Quando eu era criança, isso há uns 25 anos, tinha uma mania que já fazia de mim um músico e compositor e eu não tinha me dado conta: ao brincar no quintal, às vezes pintava uma melodia e, de tão bonita que era, eu olhava pro céu e tentava combinar as melodias com o que eu via no alto... Sempre ficava bonito... O problema da criança é que, meia hora depois, já tinha esquecido tudo. E lembrar disso me deixou marcado.
| Hoje sou um cantor e compositor de músicas religiosas (em sua maioria) e é como se o próprio Deus já tivesse desenhado ali o meu futuro: compor, escrever e tocar. Um dia vou escrever uma música que fale sobre isso.
Vou aproveitar e contar um segredo: sabia que o que me trouxe de volta pra Deus foi a música, mas não foi nenhuma canção religiosa? Pois é, e a música é de um cara que fez tudo pra sua vida dar errado, mas sua alma pediu por ajuda até o fim: Renato Russo. Com certeza todos conhecem a canção “Mais Uma Vez”, que é dele em parceria com outro monstro, Flavio Venturini: “mas é claro que o sol vai voltar amanhã. Mais uma vez, eu sei... Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã, espera que o sol já vem”. E olha que nessa época empurraram tanta coisa pra eu escutar e sair da deprê...
Será que, depois de ouvir uma verdade tão linda sobre a alma desse cara, alguém ainda tem coragem de julgar os seus atos e o condenar ao inferno? Através do meu próprio testemunho, posso dizer que nem todo mundo quer ouvir falar de Deus, mas Deus se faz presente em outros meios para que todos possam achá-lo! |
Coloquei esse pequeno pedaço da minha vida para falar diretamente a você, compositor. Quando faz uma música, você analisa letrinha por letrinha daquilo que escreveu? Você consegue achar bonito? Já escutei coisas como: “eu fiz essa música na frente do sacrário, tenho certeza que é de Deus”, e quando ouve a música, ela “nem é lá essas coisas”... Como também ouvi músicas que não falaram em Deus e me tocaram de um jeito tão especial... Garanto uma coisa: Deus se agrada com nossas tentativas. Mas Deus se agrada mais ainda quando escrevemos exatamente aquilo que vivenciamos e vivemos. As que foram pro CD e pro DVD do meu ministério, o Canal da Graça, são as mais puras verdades do que eu sou e do que eu vivo.
Vou citar uns exemplos legais: a dupla Joaquim & Manuel, célebres compositores da famosíssima “Boate Azul”, quem não conhece essa música? Tenho certeza absoluta que ela não seria sucesso se os dois não tivessem vivido tal situação. Tom Jobim devia estar muito apaixonado quando compôs “Garota de Ipanema”. Regis Danese devia estar precisando muito de Deus quando escreveu “Faz Um Milagre Em Mim”. Celina Borges estava quase perdendo sua mãe quando escreveu a música “Tudo Posso”. Enfim... Citaria inúmeros exemplos de músicas que dizem as verdades sobre “o compositor”.
Resumindo: a verdade da música é o que faz com que Deus entre no coração das pessoas através de canções. Sem a verdade, a música pode até ficar bonita, mas não toca... É como comer feijão sem tempero ou andar de bike com os pneus murchos. |
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Então, meus amigos compositores e aprendizes, substituam as rimas, as frases de efeito, as palavras difíceis, as teses infundadas e troque por um ingrediente: A VERDADE. Não tenha vergonha de escrever que você chora quando está sozinho, que se lembra do passado com saudade e, às vezes, até com raiva, que você chupou chupeta até os 20 anos, que colocava cueca na cara e brincava de Ninja Jiraya, que foi reprovado na quinta série, que seu primeiro encontro com Deus foi por causa de uma menina ou foi por causa dos amigos... Seja verdadeiro! Até nas piores músicas que você ouviu na sua vida, o que te tocou foi a verdade.
Paz & música!
Alex Olliveira
alex@canaldagraca.com.br
Compositor e vocalista da Banda Canal da Graça |