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Inundando Meu Coração

Olá, prezado irmão músico Católico Apostólico Romano!

Vou partilhar hoje um pouco do meu testemunho de vida contigo...

Comecei minha vida de Igreja ainda novo, levado pelo meu pai à minha primeira missa das crianças aos 7 anos de idade. Mas nesse tempo não tinha muito interesse nas missas, justamente por não ter música que me interessasse e também por quase nunca ter ninguém tocando. Mais tarde, aos 12 anos e ainda sendo um católico não muito praticante, iniciei minha vida musical. Como todo garoto nessa idade, fui impulsionado por um amiguinho meu que fazia aulas de música pela Prefeitura de Américo Brasiliense-SP, me batendo uma vontade tremenda de estudar música também. E lá vai o Almir estudar teoria musical, partitura, mas sem encostar no bendito do instrumento. Alguns meses depois lá estou com um trumpete na mão, cedido pela Prefeitura à Corporação Musical. Aquilo foi algo maravilhoso para mim e meus vizinhos adoraram, se bem que os gritos nas casas ao lado não eram de “mais um”... rs

Tempo vai, tempo vem, e lá vai aquele “muleque” se metendo a tocar bateria e percussão. Aos 14 anos vai o bonitão tocar nas missas, começando pela das crianças e, um ano mais tarde, nas missas de domingo à noite. Era uma realização pessoal para mim. Era algo lindo aquilo, mostrar meus dons para várias pessoas, mesmo que fosse simplesmente com um simples afuchê. Com 16 anos aconteceu o que eu considerava o máximo em minha vida musical: meu primeiro contrato para tocar em bailes de Carnaval. Pronto! Eu estava realizado, um palco de verdade me aguardava! E assim fui, carnaval, depois outros bailes com bandas de baile mesmo. Com esse dinheiro comprei meu primeiro trumpete e meu primeiro teclado. Nessa mesma época (1996), comecei a tocar trumpete nas missas de domingo à noite, no que chamei de “minha promoção”. Nesse tempo já freqüentava grupos de jovens, além das missas, mas sempre sossegado quando o negócio era música. Começaram as primeiras cobranças por parte do pessoal da RCC com relação a tocar no mundo e tocar pra Deus. Eu ria da situação, achava que não tinha nada a ver e seguia minha vida: sábado no grupo de jovens e em seguida nos bailes (isso quando não faltava no grupo pra ir apenas nos bailes) e domingo na missa (e saindo de lá pra algum show que pintava).

Estava numa boa fase: aos 17 anos já fazia “free-lancer” para algumas bandas de pagode (isso porque eu não gosto de pagode), seguia minha vida de músico do mundo e, nas horas vagas, músico de Deus. Chegavam os carnavais e a procura por um trumpetista aumentava, recebia sempre em torno de 4 propostas de carnaval e ganhando muito bem em cada uma delas. Junto com as propostas, vinham as cobranças da turma da Igreja, e eu pensando comigo: “o que esse bando de fanáticos querem comigo? Pagar minhas contas ninguém paga? Vou continuar tocando baile”. E assim se seguia, baile de carnaval de sábado até terça-feira e missa de quarta-feira de cinzas pra completar o calendário.

Vem 2000, carnaval lindo, pouca gente no salão, mas dinheiro no bolso ao final do carnaval, meu último baile de carnaval. Comecei a sentir fortes dores na mandíbula e procurei um dentista que, ao me examinar, disse que eu teria que usar aparelho para corrigir minha mordida, o que causava minha dor. Perguntei se não tinha outro jeito, mas a resposta foi negativa. Como em minha banda de baile eu tocava apenas teclado ou baixo, não vi problema algum, pararia de tocar trumpete por alguns anos e voltaria depois à ativa. E assim fui até chegar o Carnaval 2001. O pessoal da RCC de minha cidade organizando o primeiro retiro e eu me preocupando em correr atrás de baile de carnaval como tecladista. Nada de bailes para tecladista, só precisavam de metais. E eu tirando as músicas para carnaval, esperando uma proposta de alguma banda, mas nada feito. Comecei a visitar os ensaios pro retiro, mas apenas observava ou dava uma mãozinha quando faltava algum músico. Faltava uma semana para o retiro e, vendo que não conseguiria mais fechar com nenhuma banda para baile, convidei-me para tocar. O tecladista (Bruno) era um super amigo meu e adorou a idéia, mas o resto do ministério falou pra mim que eu teria que aguardar um pouco, pois iriam discutir o caso e ver se era mesmo a vontade de Deus.

Quando o mundo me virou as costas, Deus me acolheu: recebi um SIM faltando apenas 4 dias para o retiro. Trabalhei normalmente no sábado à tarde e fui em seguida para a escola, onde seria realizado o retiro. Um outro ministério tocou no primeiro dia e lá estava eu, encostado numa parede imaginando: “era pra estar passando som uma hora dessas, não aqui no meio de um bando de fanáticos para um retiro chato”. Começa a missa e, junto com ela, uma chuva muito forte que gera um black-out na cidade. O padre continua a missa apenas na voz mesmo e com um violão conduzindo a música. Que missa linda, tudo escuro, uma paz e, de repente, um forte vento faz com que apenas as telhas em torno do altar e sobre o ministério de música se levantem como se mãos a puxassem, caindo muita água sobre o padre, os equipamentos de som, os instrumentos e os músicos. Mesmo assim o padre consegue terminar a missa.

Os participantes do retiro foram conduzidos aos locais onde passariam a noite e os músicos começaram um verdadeiro trabalho de recuperação dos instrumentos, assim que a energia elétrica foi restabelecida (curiosamente minutos antes de começarem os bailes de carnaval). Eu me recordo da tecladista do outro ministério desesperada por causa do teclado dela, chorava e dizia que não deveria estar ali, que a única coisa que tinha, se estragou (e eu afirmando comigo mesmo que eu não deveria estar ali). Tiramos do teclado dela cerca de 3 litros de água e comecei a secá-lo. Os outros músicos se revezavam entre potências, mesas de som e instrumentos. O pessoal da intercessão orando forte para que nada de mais grave ocorresse com nosso equipamento. Os secadores de cabelo das meninas fizeram sucesso (cara, é verdade, tem de tudo em bolsa de mulher... rs) e graças a eles, conseguimos secar os instrumentos.

Religamos todo o som após tudo devidamente seco (já era por volta das 2 horas da madrugada) e verificamos que nem mesmo um único fusível tinha se queimado. Nesse momento uma mão bate em meu ombro e ouço uma voz me dizendo: “e aí, Almir, já sabe o que veio fazer aqui? Já entende que deveria mesmo estar aqui?”. Dei um sorriso e afirmei com a cabeça que sim. Saí daquele retiro renovado, com novos conceitos, para nunca mais subir em um palco para anunciar outra coisa que não fosse a palavra de Deus.

Em 2004 Deus me confiou uma nova missão: após voltar a tocar trumpete para a gravação do CD “Coragem!”, fui convidado para tocar teclado em um retiro de carnaval no Estado do Paraná com o Canal da Graça e, durante esse retiro, a ser Canal da Graça de Deus. Só aceitei esse convite em definitivo após alguns meses, e sou “canal” desde então.

Irmã(o), se você tem dúvidas entre Deus e o mundo, decida-se! Venha para Deus, seja Dele em definitivo. Ele sempre te acolhe, independente de teus pecados, de tuas falhas. O mundo muitas vezes te dispensa quando você mais precisa ou simplesmente quando encontram alguém melhor tecnicamente para te substituir. Pense nisso, pois só me dei conta quando Deus me amparou, quando foi meu “dentista”, foi a mão a me guiar em uma situação difícil, quando literalmente inundou a minha vida... rs

Que o Senhor Deus possa sempre nos guiar, nos abençoar e nos ungir e que Nossa Senhora e Santa Cecília roguem sempre por nós. Amém!

Almir Santana Rios
almir@canaldagraca.com.br

 

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