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Sou músico de Deus?

“Bicho”, vou escrevendo aqui minhas primeiras linhas do meu primeiro artigo católico e perguntando aos músicos de Cristo: quantas vezes você falou mal ou fez qualquer comentário sobre um ou mais músicos seculares, ou "do mundo", como preferir? Pois é, talvez muitas vezes você falou das músicas que levam os jovens a pecar e a se perder, não é verdade? Mas antes de falar do músico secular, de olhar o cisco no olho dele, vejamos como anda a nossa trave...

Oramos, louvamos e cantamos, somos capazes de emocionar com as nossas canções, de levantar os jovens com os nossos ritmos. Mas o que essas músicas representam para mim? Vivo essas músicas? A minha oração, meu louvor e minha canção tocam primeiramente o meu coração? Será que experimento o amor que canto? Pois é, nem sempre isso é possível porque somos humanos, humanos que buscam algo que esse mundo não é capaz de oferecer.

É aí que entra o nosso Deus, de pobres e pecadores humanos, imperfeitos na busca da perfeição, mas perfeitos aos olhos do Senhor que nos criou à sua imagem e semelhança, que ama a cada pecador mesmo repudiando o pecado. É Dele que vem cada dom, especialmente o da música, através do seu Santo Espírito.

Pois é... O dom de cantar e de tocar vem de Deus! O que eu tenho feito com ele? Será que a minha canção serve para resgatar almas ou para impressioná-las, devido à minha voz maravilhosa ou ao meu lindo solo instrumental? O meu canto reflete na busca de pessoas por Deus ou por mulheres buscando namorado (ou vice-versa)? Lembro-me de um amigo que sempre dizia: “nossa música tem que agradar aos ouvidos de Deus para que Ele aja e toque os corações das pessoas”. Não posso me contentar em cantar a música de Deus, mas cantar a música Dele para Ele. Levantar as pessoas e fazer com que as elas se emocionem com as músicas, qualquer músico pode fazer, dom para isso lhe foi dado. Com um detalhe: o músico secular, tão criticado por muitos, faz isso muito bem, sem problema algum. Ele se esforça, estuda, rala pra comprar um instrumento ou microfone de qualidade, abre mão de muitas coisas pra dar o seu melhor às pessoas. E eu, o que tenho dado ao meu Senhor? Será que me preocupo em ouvir a música, estudá-la antes de tocar? Será que provo da música antes de oferecê-la às pessoas ou simplesmente a toco ou canto porque gostei? Será que não vale a pena deixar de comprar aquela roupa cara, aquele tênis “da hora” ou abdicar de alguns finais de semana em lanchonetes para comprar um instrumento de qualidade para tocar pra Deus?

Quantas vezes eu digo que não tenho dinheiro para ajudar na Obra, para dar o melhor ao Senhor Onipotente, mas não saio dos McDonalds da vida, não que seja pecado, mas não posso ter dinheiro para uma coisa e deixar de ter para outras. Algo me faz tanta falta assim que não pode ser deixada de lado?

É, querido irmão músico católico apostólico romano, a vida não é fácil. Ser músico do Grandioso também não. Não posso ser cantor de Deus apenas na hora de cantar, mas também na hora de orar, de jejuar, de estudar, ouvir e tirar músicas e, principalmente, montar e desmontar equipamentos de som e carregá-los. Como diria o meu irmãozinho Jurandyr Mello (OraSamba): “tem que carregar o som, mas ninguém quer; tocar no evangelizashow, todo mundo quer”.

Temos que nos dedicar mais, dar tudo o que temos a Deus, abrir mão de muitas coisas para servi-Lo. Se parece um pouco de exagero e que não necessita de tudo isso, venha falar comigo. Conheço muitas bandas seculares que precisam de músicos. Hummm... Ia me esquecendo: pra tocar na maioria delas, você terá que melhorar, senão... Você já sabe!

Perdão, irmão, por falar assim. Mas só terei autoridade para falar de um músico secular quando for melhor que ele em tudo. Alguns deles, pelo menos, se respeitam.

Almir Santana Rios
almir@canaldagraca.com.br

 

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